Esta publicação é uma conversa com
o comentário à publicação - "LUA - O Rio de Heráclito"
Antes de dialogar,
gostaria de afirmar a importância da observação feita.
Pois, temos agora, a oportunidade de abrirmos um diálogo
a respeito dos símbolos e da linguagem.
Diz o Comentário:
" Em alemão é 'o' lua (Der Mond) e 'a' Sol (die Sonne). Isso obviamente influencia as lendas germânicas e a relação dos pensadores barbáricos com os dois astros ."
A Língua é fundamental para o relacionamento com os símbolos.
Mas, apesar da linguagem ser A narrativa dos símbolos,
não pode-se afirmar que a língua/linguagem são os próprios símbolos.
Os símbolos caracterizam-se por sua síntese e amplitude.
São como esferas, que só podem ser atravessadas com uma única linha por vez.
Esta linha que atravessa essa esfera simbólica é a língua/linguagem.
Poderia dizer de outro modo:
Os símbolos são tocados por uma corda de cada vez; ou ao menos,
por uma harmonia a cada música.
Portanto,
ao se narrar os símbolos, tomamos somente um corte de toda a esfera simbólica; que mantem sua totalidade. Ou, permanece opaca e obscura ao olhar da linha que a atravessa.
Isso porem, não segmenta ou fraciona o símbolo
que sempre se mantém presente em sua integralidade simbólica - por mais que a narrativa não abarque sua totalidade.
Assim, vamos à pergunta exposta pelo comentário:
"Como pode ser pensada a feminilidade/masculinidade da lua do ponto de vista astrológico?"
Então, se em alemão se diz - A Sol e O Lua - como fica o símbolo de feminilidade da lua narrada em Português?
Digo que ainda temos outros problemas, como por exemplo:
A astrologia é uma ciência ocidental do hemisfério norte, e portanto,
o signo de Áries é regente e expressão da primavera, enquanto que,
no hemisfério sul a primavera inicia-se em Libra; quando é outono no hemisfério norte.
Trago mais este exemplo complicador, para não fugirmos a questão simbólica.
Os símbolos são formados por elementos extremamente elementares:
Ex.:
úmido / seco
quente / frio
luz / sombra
oposto - complementar
Sendo assim,
a questão da feminilidade lunar ou sua masculinidade alemã,
ainda pertence à polaridade Masculino/Feminino.
Se o Universo é Um.
O Dois é a via de Manifestação do Um
O Universo é: Oposto-Complementar, Masc./Fem., Expansão - Contração...
O rio é um
que corre entre duas margens.
Tento mostrar que,
a língua/linguagem é a narrativa que tece a união da percepção individual à percepção coletiva.
E, as suas justaposições expressam cada uma, uma musicalidade e melodia, que segue o recorte da esfera simbólica feita por esta linguagem.
Deste modo, tecem todo o imaginário que passa do individuo ao pertencimento de uma nação que tem seus contos ,lendas, e verdadeiros mitos. Porem, expressam somente a musicalidade deste povo; e não da Humanidade.
Gostaria de concluir dizendo que:
Seja O sol ou A sol - seja A verdade ou O verdade
Seja Áries ou Libra a primavera
O Rio de Heráclito sempre corre entre margens que fundamentam nossa narrativa.
O Homem em sua essencialidade pertence ao quadrado dos quatro:
Céu - Terra
Os Homens - Os Deuses
E a ponte que traçamos de uma margem à outra do rio,
cirando a geografia de nossa Habitação,
tem polaridade positiva e negativa.
Mas muito além do Bem e do Mal