sexta-feira, 6 de março de 2009

TORNAMO-NOS NOSSO ASCENDENTE DEPOIS DOS 40 ANOS DE IDADE?




Essa pergunta é muito recorrente para aqueles que já ouviram alguma coisa sobre astrologia, ou mesmo por pessoas que tem maior intimidade com o assunto.

Por isso, mas principalmente por esta pergunta nos levar a uma reflexão mais ampla sobre um mapa natal e seu funcionamento, é que vou apresentar uma reflexão sobre este tema.

Primeiro, destaco o fato curioso de tomarmos os “40 anos” como uma mudança igual para todos. Isso contradiz a perspectiva apresentada no “Texto inaugural” e no “O que é dialógico?”.

Mas para tentar responde esta pergunta, gostaria de afirmar algumas coisas importantes sobre a carta natal (mapa astral). Quando alguém fala: “eu sou leão; tenho tais e tais aspectos; portanto, isso é muito bom ou muito ruim...etc.”, esta pessoa acredita que recebeu algo (bom ou ruim) e então já está tudo dado.

Não é assim que devemos encarar uma carta natal. Cada um de nós tem um mapa, e este mapa não “funciona” por si mesmo. Somos agentes e atores de nós mesmo; ou seja, nos tornamos aquilo que fazemos. Mimetizamos-nos àquilo que nos afeiçoamos (estudar a lua).
Um modo mais claro de tentar apresentar esta idéia é relembrando que, apesar de qualquer pessoa ter uma carta natal, esta será estimulada e desenvolvida através de seu meio.
Ex: se alguém nasce em condições de pobreza (material ou cultural) terá suas potencialidades limitadas por esta condição – a princípio. Por nascermos em uma determinada família (social ou espiritual) teremos como ponto de partida esta “visão de muno”.
A partir de então, teremos nossas qualidades potenciais inclinadas para esta “visão de mundo”.
Mais um exemplo: se duas pessoas tem suas luas no signo de câncer, isso não significa a mesma coisa para ambas, pois deveremos considerar os signos de seus pais, se eles estão vivos ou mortos, etc.
Com isso, quero afirmar que a qualidade de suas experiências serão, necessariamente, distintas.
Sendo assim, um mapa astral será “conduzido” por seu agente/ator (pessoa “possuidora” do mapa em questão); por mais que padeçamos (sofrer passivamente) das qualidades da carta natal. – ver “O que é dialógico?”.

Um mapa astral não está “dado”, muito pelo contrário. Nós devemos conquistar a nós mesmos, ou seja, nos tornar aquilo que somos, orientados por isso que chamamos de “mapa”.
O nosso signo solar não é aquilo que somos, mas sim aquilo que devemos conquistar e vir-a-ser.
Inicialmente, e por toda a vida, respondemos reativamente à nossa própria carta natal, partindo de nossas necessidades básicas; ou seja, Lua e Marte. Isso é tão intenso que podemos passar a vida toda sem conseguirmos acessar nosso próprio Sol (signo solar).


Tendo essas questões em mente, podemos voltar à pergunta: “tornamo-nos nosso ascendente depois dos 40 anos de idade?”
A resposta tem que ser SIM e NÃO.
Sim, porque o ascendente é nossa via de expressão e “saída” para o mundo (dentre muitas outras definições). Assim, estamos a todo e qualquer instante nos valendo de nosso ascendente para acionar e estimular nosso próprio mapa. Com isso, vamos-nos “tornando” nosso ascendente por uso e por “afeiçoamento”. Acostumando-nos a ser desta maneira.
Não, porque o ascendente é um dos diversos componentes de uma carta natal. Assim, por mais que seja de fundamental importância para a manutenção de nossa própria existência, não dependemos somente do ascendente. Nossa fonte de vitalidade emana exclusivamente do Sol, então, o ascendente deve ser uma via que alimente esta fonte, mas não o centro de nosso ser.

Para concluir, quero ainda ressaltar que o ascendente torna-se muitas vezes o ponto de onde nos “centralizamos”. Esta “centralização” muitas vezes acaba trabalhando de maneira defensiva, atuando conjuntamente com a Lua e Marte, provocando um afastamento cada vez maior de nosso próprio Sol.

Obs: quero deixar expresso que este tema não é tão simples e básico, nem mesmo para estudiosos da astrologia; e então, deixo uma recomendação de leitura que pode auxiliar no aprofundamento deste tema:
RODA DA FORTUNA – Martin Schuman; editora Agora; 1988

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