segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

"Conversa ou Resposta"

Esta publicação é uma conversa com o comentário
da publicação "Ensinar e Aprender"


"DIÁLOGO ENTRE FILÓSOFOS"

Vinham caminhando Platão e Aristóteles pela via do conhecimento; depois de umas duas horas e meia de caminhada desde a última bifurcação. Encontram-se novamente diante de um nova escolha, quando Aristóteles interrogou Platão mais uma vez:

Aristóteles: Pois então porque insiste em que devemos estudar a astrologia?

Platão: Tente me escutar com calma mais uma vez. Não conclua tão rápido, procurando acreditar só naquilo que seus olhos possam medir...você anda me saindo pior que São Tomé, ele, quando viu, pelo menos entendeu...

Aristóteles: Bom, então vê se me conta algo em que dá pra acreditar!

P: Então, o que você entendeu sobre a astrologia e conhecer o Homem?

A: Ora, aquilo que escutei. Que através da astrologia podemos conhecer-nos. Mas o que não está claro é que: Toda expressão do Homem é uma expressão de si, e todas estas são, cada uma, uma narrativa humana. E assim, todo e qualquer conhecimento humano como por ex. a Política, a Ética, a Poesia entre outras, revela algo sobre o Homem. E assim, a astrologia como é mais um conhecimento humano, é também um conhecimento sobre o Homem, que envolve a história, a geografia, a política, a evolução das espécies - e por aí vai. Mas que não está claro é o por quê a astrologia seria um conhecimento maior que os demais, assumindo uma proeminência quanto aos demais conhecimentos...pois que você não vai me dizer que todas as ciências humanas não revelam o Homem; vai?

P: Não, claro que não, pois os caminhos para o Bem, o Bom e o Belo são muitos, mas não necessariamente seja a soma de todas estas vias de conhecimento. E que o que estou afirmando é que existe um caminho de conhecimento sobre as formas eternas e perfeitas, que conhecemos como o conhecimento simbólico, que nos relembra e nos aproxima da fonte da Luz que nos dá a Ver. Que aliás nos dá a ver todas as coisas, em diferentes discursos humanos, mas que não é a expressão da existência de todas as diferentes expressões de conhecimento. Estas formas de que lhe falo, se mostra na vida diária sem que sejam vistas; e que lida com a fome a política e tudo o mais que você queira. Mas não são elas mesmas.

A: Então, está me falando que a astrologia tem uma proeminência sobre todos os demais conhecimentos?

P: Não escute parcialmente as palavras, que assim você não compreende o todo. Digo que a astrologia lida com formas simbólicas perfeitas, que dão forma às demais formas das artes, ciências e vivências humanas. E não que tem proeminência...esta palavra leva a pensar que, então, o melhor pensamento é dominador e responsável por outras formas de expressão. Então, pela última vez: Você pode aprender o conhecimento sobre o Homem, observando o voo dos pássaros, ou pelas ondas do mar...tudo é uma coisa só. E o que digo é que: A astrologia observa grandes formas simbólicas, e que, de tão simples em sua universalidade, perpassa todas as construções humanas.

A: Hum... então, assumindo compreender o que me dizes, posso me perguntar: Uma vez que conheço minha configuração, em minha Carta natal, uma vez tendo me conhecido, posso seguir e procurar ampliar o meu conhecimento sobre outras coisas e o mundo? E por saber meu Mapa Astral, tenho uma vantagem, pois conheço não só as demais ciências e artes, mas sim a grande ciência que se sobressai perante as demais ... e com isso, quero perguntar: qual a necessidade da astrologia para o Homem? Isto porque, só se pode verdadeiramente falar sobre conhecimento, quando posso provar, demonstrar e explicar como são as coisas.

P: A utilidade não nos dá nada a não ser prestar-se para colocar a serviço de algo. E que a astrologia não serve para algo, mas sim revela algo, antes que estas coisas prestem-se às suas tarefas. Quero dizer: A astrologia se "serve para" apontar para o desenvolvimento do Homem desde seu nascimento até a sua morte, falando do seu desenvolvimento linear. "Serve"antes, em suas palavras, para o conhecimento das formas simbólicas, que apresentam-se como aceno do fluir do rio de Heráclito. Assim, mais do que predizer a observação do progresso material de uma personalidade, penso que a astrologia sirva justamente para nada; já que narra o passar do tempo, acenando para as formações celestes, que é o fluxo da eternidade. Enquanto que as demais e todas as ciências são os fazeres humanos que marcam sua morada. São as barragens neste eterno fluxo no rio do tempo , que marcam sua historicidade. Mas que não mostra sua totalidade - que é circular, e não linear.

P: Procurando concluir. A astrologia se presta para auxiliar na audição do pertencimento do Homem em seu mundo. Narra o Tempo-Espaço do Homem em acordo com sua própria participação, que se revela em seu acenar de volta para o fluxo do correr do tempo - e não o uso que fazemos do tempo ou do espaço: Que nos leva a esquecer justamente de nossa participação, distorcendo-a em "dominação e uso do mundo".


Obs: ao comentador da publicação mencionada, ou àqueles que prestam atenção neste diálogo, sugiro a leitura da seguinte publicação: "Calendário astrológico" - neste mesmo blog.


5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Disse que não ia comentar hoje, mas não vai dar. É o seguinte: lendo o Calendário astrológico (para quem não achou: http://astrologiadialogica.blogspot.com/2009/03/apresentacao-basica-dos-componentes-de.html ) fiquei com a sensação de que a Astrologia tem, sim, um pé no prático, mesmo que essa não seja sua intenção, qual seja, a de compreendermos o calendário, baseado justamente nos astros e, com isso, - o ponto que eu acho mais importante - nos proporcionar melhor conhecer a nossa morada (pensando os astros como um teto da nossa casa). Em uma metáfora que surge repentinamente: a astrologia é um logos do sótão da casa.

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  3. Olá, na segunda fala de Platão associa-se a astrologia a um conhecimento simbólico. Ora, mas, mais uma vez, a astrologia não é a única que fala por símbolos. Qual a diferença (e portanto, a relação) entre astrologia e misticismo? E entre astrologia e filosofia?

    A astrologia apresentada aqui parece estar bem próxima de um estudo histórico dos símbolos, uma espécie de história arquetípica, mítica, não? Qual o papel dos mitos na astrologia, tendo em vista que você aqui já analisou alguns aqui? Como se relaciona esse conhecimento historial dos símbolos com o conhecimento do meu mapa astral? Em que consiste mais exatamente o conhecimento do meu mapa astral (sei que se trata de uma conversa com o Tu, os planetas como símbolos dos deuses, não?)? Ainda: qual a relação entre os deuses gregos e os planetas? E, historicamente mesmo, como se relacionaram os sacerdotes gregos e os astrólogos?

    Ainda mais perguntas (havia lhe dito que esse texto só serviu para me dar mais dúvidas - 'de mistério em mistério, o conhecimento de si avança'): como a astrologia se relaciona com a política (pode-se entender política como o Eu (Dasein é sempre através de um mundo, para Heidegger) inserido em seu mundo?)? É do ponto de vista de um Eu que procura se ver do ponto de vista do Tu?

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  4. Grande Gabriel, sempre provocando novas perguntas e questionamentos que procuram trazer a luz um entendimento mais profundo - e filosófico - das questões apresentadas.
    Mas diante destas questões, que verdadeiramente me animam, percebo que você procura entender - e não compreender, a astrologia.
    No entanto, não penso que este seja um desvio da via do conhecer; pelo contrário: acredito que só a exaustão do entendimento pode nos levar à verdadeira compreensão. E por isso, me disponho a tentar apresentar alguma "satisfação" possível às suas colocações, assim que possível
    Abraço
    E mais uma vez agradeço seu interesse.

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  5. Gostei muito do diálogo dos filósofos. Abraço Cynthia

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